João do caminhão

João do caminhão

No meio de um monte de papeis de fatura, boletos para pagar, pedidos de clientes, telefones tocando, cabeça quente, nervos ao estremo, olhando para a tela do computador, tentando resolver como colocar tudo em dia, já não sabia mais o que fazer, eu estava pirando.

De longe, bem de longe, uma buzina, que vinha aumentando aos pouquinhos, até eu cair na realidade, era a encomenda de novos produtos que estavam chegando, tinha mais isso ainda. Respirei fundo, coloquei as mãos na cabeça, soltei o ar, levantei e fui até o portão.

Era o finalzinho de tarde de sábado, o sol ainda batia nos meus olhos, acostumados com o escuro, não enxergava nada, abri o portão e mandei entrar, não conseguia ver nada além da marca da empresa estampada na lateral do caminhão.

Fui seguindo junto com o caminhão que parou no meio do caminho, chegando perto da porta do motorista, a janela foi se abrindo e me perguntou onde ele deveria deixar o caminhão para descarregar, pela voz e pela dúvida, já vi que era caminhoneiro novo, eles sempre trocavam, isso era um saco, sempre tendo que ensinar tudo de novo.

Fiz os gestos e acenei para onde ele deveria ir. Já tava puto, vai que ele se recusa a descarregar o caminhão e vou ter que fazer sozinho, seguindo de cabeça baixa, o sol me irritando muito, entrei no galpão e o caminhão veio logo em seguida.

Foi quando o caminhão entrou e fez sombra sobre meus olhos, olhei para a cabine do caminhão e vi de relance uma barba bem feita, a pota foi se abrindo, em câmera lenta, e só viu vendo aquele lenhador sair do caminhão, ele fechou a porta, e a única coisa que eu conseguia ficar vendo, era aquele corpo de deus grego que estava na minha frente, e nós dois sozinhos aqui nessa imensidão de empresa.

Primeira coisa que fiz, foi ir fechar a porta do galpão, que nem precisava, mas eu estava sentindo um calor emanar daquele corpo que meu caralho (literalmente) começou a ficar duro, e todas as preocupação tinham sumido. Contas? Não sei de nada, boletos? Onde? gestão financeira? faço a minima ideia, só queria aquele corpo deitado na minha mesa do escritório.

Passei por ele

Continua…